





Em Miraflores, um dos distritos mais cosmopolitas e turísticos de Lima, não é preciso sair da zona urbana para viajar ao passado pré-hispânico do antigo Peru. Basta caminhar cerca de 20 minutos a partir do parque Central (também conhecido como Kennedy) para descobrir uma pirâmide com 1800 anos de antiguidade.
Rodeada por construções modernas, a Huaca Pucllana (“lugar para brincar”, em espanhol) foi um centro cerimonial e administrativo da cultura Lima. Esse povo foi o primeiro a construir e habitar o local, que, até a chegada dos conquistadores, foi ocupado por várias civilizações costeiras e andinas.
Prepare-se para explorar, de dia ou de noite, uma pirâmide de barro e argila com sete plataformas escalonadas. Nela, os sacerdotes realizavam cerimônias e rituais em homenagem aos seus deuses — o sol, a lua e outras divindades que os ocidentais tentaram apagar, mas que ainda vivem no coração dos povos originários.
Aproxime-se dessa Lima milenar, muitas vezes ofuscada pela imponência do seu Centro Histórico. Esse legado existe e impressiona, mostrando que culturas ancestrais deixaram sua marca em vários dos atuais distritos da capital peruana.
A Huaca Pucllana é prova disso — uma evidência que você precisa conhecer e apreciar ao visitar Miraflores. A grande pirâmide de adobe está à sua espera.
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Um olhar sobre sua história
A origem da Huaca Pucllana está ligada à cultura Lima, que floresceu na costa central do Peru entre os anos 200 e 700 d.C. Eles foram os primeiros — mas não os únicos — a se estabelecer nesta área do distrito de Miraflores.
Nas escavações realizadas no complexo arqueológico no século XX, foram encontrados restos de tecidos, cerâmicas decoradas, ossos, ferramentas de pedra e vestígios de alpacas, lhamas, porquinhos-da-índia, peixes, penas de aves, sementes de abóbora, feijões e frutas como a chirimóia, lúcuma, pacae e goiaba.
Estudos arqueológicos revelaram que esses achados pertencem às culturas Lima, Wari (500 a 1000 d.C.), Ychsma (1000 a 1470 d.C.) e Inca (1470 a 1535 d.C.). Durante séculos, essa riqueza cultural não foi valorizada pela população nem pelo Estado, colocando a huaca em risco diante do avanço urbano no distrito.
Somente em 1984 começaram as pesquisas arqueológicas. Três anos depois, o local foi declarado uma zona arqueológica intangível, recebendo finalmente o valor histórico e cultural que merece. Tudo isso você poderá vivenciar ao visitar o museu de sítio e os diversos ambientes de Pucllana — o “lugar para brincar” dos primeiros moradores de Miraflores.
Descrição da huaca





O sítio arqueológico mais importante de Miraflores, que resistiu ao crescimento da cidade, está dividido em dois setores: o administrativo e urbano, e o cerimonial. Eles são separados por um grande muro de adobe orientado no sentido norte-sul.
Abaixo estão informações de ambos os setores:
Setor administrativo e urbano: localizado a leste do muro, apresenta pequenas construções, praças, rampas e pátios. Pesquisadores acreditam que ali ocorriam reuniões públicas para discutir temas de interesse comum, como o controle da huaca e melhorias na produção agrícola.
Setor cerimonial: localizado a oeste do muro, destaca-se pela maior pirâmide do complexo arqueológico. Construída inteiramente em adobe, mede 500 metros de comprimento, 100 metros de largura e 22 metros de altura. No topo dessa pirâmide truncada, os sacerdotes pré-hispânicos realizavam cerimônias e rituais em homenagem a seus deuses e ancestrais míticos.
O que ver em Pucllana?
Sua visita guiada à Huaca Pucllana começa na base da pirâmide truncada, onde você poderá ver cerâmicas das diferentes culturas e civilizações que ocuparam Pucllana antes da chegada dos espanhóis e da posterior fundação de Lima, a “Cidade dos Reis”, em 18 de janeiro de 1535.
Nesta primeira parte do passeio, será apresentada uma maquete em escala técnica da zona arqueológica, para que você tenha uma ideia das dimensões e da localização dos setores e recintos deste destino miraflorino.
Depois, seu guia falará sobre a flora e a fauna do Peru, aproveitando que no sítio arqueológico há exemplares de lhamas e alpacas, duas das quatro espécies de camelídeos sul-americanos (a família inclui também as vicunhas e o guanaco). Esses animais foram e continuam sendo vitais para a economia e a cultura do povo andino.
Mas a principal atração do passeio é, sem dúvida, a pirâmide truncada e escalonada. Orientada de sudoeste a noroeste, foi construída com tijolos de adobe colocados na vertical, seguindo a chamada “técnica da estante”. Essa técnica consiste em deixar espaços vazios entre os tijolos para dar mais estabilidade em caso de terremotos.
Um artigo publicado no Infobae explica que os muros da huaca “são cobertos com barro fino, frequentemente pintado de amarelo, uma cor sagrada para seus construtores. A pirâmide e outros edifícios do local foram construídos sobre camadas de seixos e areia, que enterram construções mais antigas”.
O excelente estado de conservação de Pucllana é um atrativo extra. Se Lima for a primeira cidade peruana que você visita, a huaca será uma ótima introdução ao Peru pré-hispânico.
O Museu de Sítio: inaugurado em 1984, exibe peças e vestígios arqueológicos encontrados nas escavações e nos trabalhos de valorização realizados no sítio. O museu é essencial para entender o processo cultural desta zona pré-hispânica, por isso está completamente integrado ao circuito turístico.
O restaurante: saborear a história, esse poderia ser o lema do restaurante Huaca Pucllana. No cardápio deste paraíso da boa comida, você encontrará versões atualizadas de pratos tradicionais. A cozinha é comandada pela chef Marilú Madueño, vencedora do Summum 2017 (Campeonato Gastronômico).


Horários e preços
Às terças-feiras a Huaca Pucllana não abre, mas de quarta a segunda-feira você pode visitar a zona arqueológica e o museu de sítio das 9h às 17h. O ingresso geral custa 15 soles (aproximadamente 4 dólares).
Ao planejar sua visita, considere que de quarta a domingo há visitas noturnas das 19h às 22h. Por razões de segurança, nesse horário não é possível acessar a parte superior da pirâmide. O ingresso geral custa 17 soles (aproximadamente 5 dólares).
Além das terças, o local também não funciona nas seguintes datas comemorativas: 1º de janeiro, 1º de maio, 28 de julho e 25 de dezembro.
Como chegar à Huaca Pucllana?
Se você estiver no Parque Kennedy, em Miraflores, ou em outro ponto central do distrito, esqueça os ônibus e táxis. Caminhar ou pedalar é a melhor forma de chegar à Huaca Pucllana, localizada na quadra 8 da rua General Borgoño.
A caminhada leva cerca de 20 minutos. A rota mais simples é seguir pela avenida Arequipa (há ciclovia) até o cruzamento com a rua Ayacucho. Pegue essa rua e deixe-se guiar pelas vistas da zona arqueológica.
A partir do Centro Histórico de Lima e do distrito de Barranco, pegue os ônibus do Metropolitano, o serviço de transporte público que conecta a cidade de norte a sul. Em ambos os casos, desça na estação Angamos. Depois caminhe até o cruzamento com a avenida Arequipa e siga as instruções do parágrafo anterior.
Se estiver no Cercado de Lima, pegue a linha C do Metropolitano nas estações Central, Jirón de la Unión ou Colmena (entre outras). Em Barranco, vá até a estação Bulevar e embarque na linha C. A passagem custa 3,20 soles. Lembre-se de que você precisará de um cartão para embarcar. Compre-o nas estações.
Se estiver em outras partes da cidade, recomendamos pegar um táxi. De preferência, use aplicativos como Uber, InDrive, Yangoo ou Cabify. Também há veículos independentes que não são identificados por uma cor específica. Nesse caso, é importante tomar precauções para garantir sua segurança.
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