Peru: 10 festas que você nunca vai esquecer

O Peru é uma festa, um ritual de raízes ancestrais, uma procissão de santos e virgens. O Peru é uma escola de samba de carnaval, um casal que se apaixona ao dançar e até um grupo de diabos que dança para agradecer a Deus por um milagre.

O Peru é um tributo à terra, é uma vela acesa e oração, é música, cor e movimento. O Peru é um país de alegrias compartilhadas e portas abertas nos dias de festa campesina, de celebração religiosa, de folguedo popular.

E esse Peru que vibra, dança e brinda está te esperando. Não pense mais e faça com que sua viagem coincida com alguma dessas 10 festas que você nunca vai esquecer. Estamos te esperando para brindar!

1. Cusco: Inti Raymi

O Sol era o pai dos incas e a maior divindade do Tawantinsuyo, o vasto território do seu império. Durante seu domínio, a celebração mais grandiosa e solene era dedicada ao Tayta Inti, o pai Sol ou o senhor Sol em espanhol.

O Inti Raymi ou Festa do Sol era realizado no dia 21 de junho em vários cenários do Cusco pré-hispânico. A data coincidida com o solstício de inverno, o dia mais curto e a noite mais longa no hemisfério sul.

Carregada de misticismo e religiosidade, a festa expressava a conexão espiritual do homem andino com a natureza e, especialmente, com o Sol, que era adorado e respeitado como fonte de vida e energia.

O Inti Raymi também tinha um propósito político. Sua grandiosidade e nível de organização evidenciavam o poder do estado incaico aos olhos de seu povo e dos curacas aliados (autoridades indígenas) que eram convidados a Cusco.

Mas o Inti deixaria de brilhar no céu cusquenho com a chegada dos espanhóis. Eles proibiriam os cultos incas para impor a religião católica, com o objetivo de que os filhos do sol passassem a acreditar no Deus de seus conquistadores.

Os indígenas foram assimilando o catolicismo pouco a pouco, mas sem esquecer seus antigos deuses como Pachamama, as estrelas, o Sol, entre outros. Em 24 de junho de 1940, o Inti Raymi retornaria a Cusco depois de quase 500 anos de proibição, como parte de um processo de revalorização das raízes e do passado pré-hispânico do Peru.

Foi nesse contexto que historiadores e artistas andinos, como Faustino Espinoza Navarro, estabeleceram as bases da atual Festa do Sol.

Hoje, a maior celebração do Tawantinsuyo é muito mais do que uma atração turística. É memória, é recordação, é orgulho para os homens e mulheres que, além do passar dos séculos, sentem uma conexão especial com o tayta Inti e a mãe Terra.

2. Lima: Procissão do Señor de los Milagros

Em 1665, Lima, a capital do vice-reinado do Peru, foi abalada por um terrível terremoto. Naquele momento, o caos e a destruição, o medo e a desesperança tomaram conta dos habitantes da cidade fundada em 1535 por Francisco Pizarro.

Entre a desolação gerada pela tragédia, começou a circular um boato: na zona de Pachacamilla, uma parede na qual o escravo angolano Pedro Dalcón havia pintado uma imagem de Cristo crucificado, permanecia milagrosamente de pé.

A notícia despertou a fé e a curiosidade dos aflitos limeños, que começaram a visitar o Cristo de Pachacamilla. Essas peregrinações incomodaram as autoridades, que ordenaram a destruição da parede.

Essa ordem nunca foi cumprida devido a uma série de circunstâncias estranhas. A fama da imagem cresceu cada vez mais e se consolidou em 1687, quando a parede resistiu a outro violento terremoto.

Esse foi o início da devoção ao Senhor dos Milagres ou Cristo Moreno. Todos os anos em outubro, suas procissões reúnem centenas de milhares de fiéis nas ruas do Centro Histórico de Lima e de outros distritos da capital.

Fazer parte do “mar roxo” (pelo colorido dos hábitos dos seus fiéis) que acompanha o padroeiro de Lima, conversar com os irmãos e irmãs que carregam as andas ou cantam ao Senhor, e provar o tradicional turrón de doña Peña, o doce típico da procissão, é uma experiência que vai te comover.

Se você estiver em Lima em outubro, reserve um tempo para acompanhar a procissão do Senhor dos Milagres ou visitar a igreja e mosteiro das Nazarenas, onde está a imagem original.

3. Puno: Virgem de la Candelaria

Com chuva, sol ou frio, milhares de puneños rezam, dançam e fazem vibrar seus instrumentos musicais para festejar, agradecer e prestar culto à Virgem de Candelária, a mamacha (mamita) adorada do Altiplano peruano.

E são essas orações, danças e melodias musicais que conferem um caráter especial à Festa de Candelária, transformando-a em uma autêntica explosão de religiosidade e alegria, de identidade e integração entre aimarás, quechuas e mestiços.

Se você quer aproveitar uma festa popular, ver mais de 100 danças autóctones e dançar ao ritmo de uma tropa de sikuris (grupos de músicos que tocam zampoñas), não hesite mais: Puno te espera em fevereiro.

Estamos certos de que você não vai se arrepender ao sentir a energia e a paixão de uma celebração inscrita na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco.

A imagem da Virgem de Candelária chegou a Puno — de Cádiz ou Sevilha — em 2 de fevereiro de 1583. Muito tempo depois, ocorreu um fato inexplicável e salvador que a tornaria a padroeira da cidade.

O que aconteceu? Em 1781, as forças rebeldes de Tupac Katari estavam prontas para tomar a cidade. Em desespero, os cidadãos de Puno buscaram ajuda divina e colocaram a imagem da virgem em procissão.

Foi então que ocorreu o inexplicável. Os rebeldes confundiram o desfile dos fiéis com a marcha marcial de um contingente de soldados espanhóis e desistiram de seus planos. Esse é o início de uma história que hoje é celebrada com procissões, música e dança.

4. Ica: Festa da Vindima

Entre março e abril começa a produção de vinhos e piscos em Ica, com a colheita das uvas nos lagares das adegas artesanais e industriais desta cidade, localizada a 304 quilômetros ao sul de Lima.

A história vitivinícola do vale de Ica remonta à segunda metade do século XVI, quando os espanhóis plantaram as primeiras videiras. Desde então, a colheita das uvas é motivo de celebração.

Atualmente, essa festa é vivida e sentida em toda a cidade. Em Ica, são realizados eventos culturais, desfiles, concursos, feiras gastronômicas, entre outras atividades recreativas que atraem turistas nacionais e estrangeiros.

Aproveite sua estadia para degustar o pisco — a bebida nacional do Peru — e a “trepadora” cachina, um vinho “jovem” e adocicado feito de mosto ligeiramente fermentado.

Mas tenha cuidado com o pisco — que tem entre 38 e 48 graus de álcool — e com a cachina, que, segundo os conhecedores de Ica, é traiçoeira porque “vai para a cabeça sem você perceber”.

5.Cusco: Senhor de Qoyllurit’i

Na primeira lua cheia após a celebração católica do Corpus Christi (maio ou junho), cerca de cem mil peregrinos dos povos e comunidades de Cusco seguem em direção ao santuário do Senhor de Qoyllurit’i, no nevado Sinakara.

Considerada a maior peregrinação religiosa dos Andes, os devotos do Senhor da Estrela de Neve (este é o significado em espanhol) se dividem em oito grupos ou “nações”. Estes correspondem aos seus povos de origem: Paucartambo, Quispicanchi, Canchis, Acomayo, Paruro, Tawantinsuyo, Anta e Urubamba.

Procissões com cruzes são levadas ao topo do Sinakara. Rituais de adoração aos primeiros raios de sol. Mais de cem danças que mostram a riqueza cultural de cada uma das “nações” fazem parte dessa peregrinação, onde se aplicam regras estritas de conduta e a comida é compartilhada entre todos os devotos.

A origem dessa festividade andina e cristã tem um nome: Mariano Mayta, um pastor das alturas que, segundo a lenda, teve um encontro com um menino mestiço que dizia ser Jesus, o filho de Deus, e pediu que construísse uma capela na montanha Sinakara.

Após várias aparições, uma imagem do menino Jesus foi encontrada no local chamado Qoyllurit’i. Ali foi construída a capela. Ali chegam homens e mulheres das “nações” cusquenhas.

Lá, também, impõem ordem os “ukukos”, “Pablitos” ou “Pabluchas”, os personagens principais da festa. Eles usam máscaras e vestimentas de lã de alpaca. Até alguns anos atrás, tinham a missão de levar blocos de gelo para seus povos.

Por todas essas características, a festividade do Senhor de Qoyllurit’i foi inscrita na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco. Então, prepare-se e se agasalhe para se juntar a essa grande peregrinação andina.

6. Trujillo: Festival Internacional da Primavera

Em uma cidade que se orgulha de seu clima primaveril, a chegada dessa estação que antecede o verão é motivo de alegria. Isso é o que acontece em Trujillo, a encantadora capital da região de Libertad, no norte do Peru.

Foi em 1950 que surgiu a ideia de organizar um festival em homenagem à primavera, no final de setembro e início de outubro. A iniciativa foi proposta por Alberto Novoa, um dos membros do Clube de Leões da capital liberteña.

Desde então, aqueles que visitam Trujillo durante o festival são testemunhas e participantes de uma série de atividades artísticas e culturais nas quais predominam a tradição e a alegria, a música e a dança, especialmente a marinera norteña, a dança nacional do Peru.

Mas o momento culminante é o Grande Corso da Primavera, um vibrante desfile de carros alegóricos, comparsas, grupos de danças folclóricas e o aguardado desfile das bastoneras que, com seus sorrisos e movimentos rítmicos, conquistam o carinho dos espectadores. Você se anima a ser um deles?

7. Cusco: Mamacha Carmen de Paucartambo

Se há um lugar no Peru onde você deve estar entre os dias 15 e 18 de julho, esse lugar é Paucartambo. Esta província cusquenha, que é a porta de entrada para o Parque Nacional do Manu, se agita durante a festa da Virgem do Carmen, a festa da sua mamacha Carmen.

Durante a celebração, os paucartambinos demonstram sua fé em uma imagem que apareceu em sua terra no século XVIII e mostram por que sua província é considerada a “Capital Folclórica” de Cusco.

E é que neste pitoresco povoado de casinhas brancas e varandas azuis, a religiosidade se expressa através da dança. São 19 danças distintas que você verá durante a celebração, destacando-se os qhapaq qolla (do altiplano), os qhapaq chuncho (da selva) e os saqras (demônios), entre outras representações folclóricas.

A cor dos trajes e a exuberância das máscaras dos dançarinos vão te surpreender. Tanto que é muito provável que você queira levar uma como lembrança da sua experiência nas procissões, nos rituais — como a visita ao cemitério para honrar os dançarinos falecidos — e na espetacular Guerrilha.

Uma guerrilha em uma festa religiosa? Sim, isso acontece na praça principal na tarde do dia 17, quando os qhapaq chuncho e os qhapaq qolla se “enfrentam” para ficar com a virgem. Os primeiros são os vencedores, enquanto os derrotados são levados ao inferno pelos saqras.

Poderíamos te contar muitos outros detalhes sobre essa festa, mas adoraríamos que você os descobrisse em Paucartambo.

8. Cajamarca: Viva o Carnaval

Dizem os cajamarquinos que seu carnaval é a festa mais alegre do Peru. Verdade ou mentira, eles estão convencidos de que o entusiasmo, a alegria e a exuberância de suas comparsas e patrulhas são incomparáveis e altamente “contagiosos”.

A razão: quem chega a Cajamarca durante o carnaval (que ocorre em fevereiro ou março) se torna um fervoroso seguidor do Ño Carnavalón, a figura principal da festa que, segundo rumores que circulam pela cidade, vivia nas montanhas.

Representado como um ser antropomórfico, a lenda diz que o carismático personagem descia das montanhas durante o carnaval para animar as pessoas a dançar, cantar e aproveitar a vida, incentivando-as a esquecer os problemas e preocupações.

E é isso que acontece em Cajamarca — uma região e cidade na serra norte do Peru — onde o furor carnavalesco se expressa em batalhas de balões com água, banhos de tinta, desfiles de comparsas e patrulhas. Também nas picantes coplas, canções engenhosas e irônicas que são típicas da região.

Durante a festa mais alegre do Peru, são realizadas diversas atividades, como a entrada e o enterro do Ño Carnavalón, a escolha da Rainha do Carnaval, o desfile de comparsas, entre outras que te convencerão de que os cajamarquinos não estão mentindo.

9. Cusco: Corpus Christi

Na época incaica, os mallquis (múmias dos antecessores) eram conservados, protegidos e levados em procissão pelas ruas de Cusco. Era essa a tradição, uma tradição que foi proibida, mas aproveitada pelos conquistadores espanhóis.

Na sua ânsia de impor a fé católica entre os nativos, os mallquis foram substituídos pelas imagens de santos e virgens. Essa mudança seria a origem do Corpus Christi cusquenho, uma celebração multitudinária que expressa o sincretismo religioso nos Andes.

As procissões de 15 santos e virgens provenientes dos bairros da cidade e que se dirigem para passar a noite na Catedral são a essência do Corpus Christi, celebração que ocorre na quinta-feira seguinte à oitava de Pentecostes.

Os pesados andores dos padroeiros cusquenhos são carregados por numerosos fiéis. Seus rostos mostram o esforço e a fé, enquanto os músicos e dançarinos que acompanham as procissões dão um toque de alegria ao esplêndido desfile.

Mas a celebração vai além das orações. O Corpus Christi é acompanhado pelo sabor do chiri uchu (aji frio ou prato frio em português), um prato típico que combina em uma única receita ingredientes da costa, serra e selva do Peru.

10. Amazônia: San Juan Bautista

Nas cidades, vilarejos e comunidades da vasta, sugestiva e maravilhosa selva peruana, no dia 24 de junho de todos os anos se celebra com exuberante alegria a festa de São João, em honra ao santo que batizou Jesus no rio Jordão.

E, como na Amazônia há muitos rios, cachoeiras e cochas (lagos), os festeiros aproveitam a ocasião para se banhar, relaxar e se purificar nas suas águas. Essa é uma das principais tradições no dia de São João.

Não é a única. A queima de fogueiras e os tumbamontes ou yunzas são comuns durante a festa. Esta última tradição consiste em pendurar presentes em uma árvore, para que os devotos a “derrubem”. Eles esperam sua vez dançando em uma roda. Quem derrubar a árvore será o organizador da próxima yunza (festa).

Mas o símbolo distintivo são os deliciosos e substanciais juanes. Este clássico da gastronomia amazônica é preparado com arroz e galinha, ingredientes que são embrulhados em folhas de bijao (uma planta amazônica).

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