Um clássico da doçaria limeña. Sua origem remonta aos tempos pré-hispânicos, quando os incas preparavam uma massa diluída de milho chamada champú, como explica Rosario Olivas em seu livro A cozinha do vice-reinado do Peru.

Quando o champú fermentava, adquiria uma coloração roxa e era chamado de api, acrescenta a pesquisadora. Com a chegada dos espanhóis e dos africanos escravizados, a receita ganhou milho roxo, farinha de batata-doce e frutas secas.

O ingrediente principal dessa sobremesa tradicional é o milho roxo, chamado assim por conta da cor dos seus grãos. Originário dos Andes e único no mundo, essa variedade do Zea mays é um potente antioxidante natural.

Com o milho roxo, não tem erro. Se não for usado na deliciosa mazamorra, seus grãos são fervidos em água por cerca de 45 minutos para virar chicha. Durante o cozimento, são adicionadas casca de abacaxi, marmelo, canela e cravo-da-índia.

O resultado é uma bebida extraordinária e super refrescante, que combina perfeitamente com a comida criolla. Mas atenção: antes de servir, é essencial adicionar açúcar e algumas gotinhas de limão, para equilibrar o doce com o azedinho.

Não deixe de experimentá-la durante o free tour. Temos certeza de que você vai adorar. E aqui vai uma dica: quando visitar outras cidades do Peru, aproveite para provar as chichas locais e regionais feitas com diferentes tipos de milho.

Em Lima, não faltam boas “causas”. E embora sejam bem variadas, todas têm o mesmo objetivo: alegrar o paladar de quem começa o almoço ou o jantar com um dos pratos mais emblemáticos da culinária da capital.

A causa limeña é simples, mas deliciosa. Ela é feita com uma massa de batata cozida misturada com pimenta amarela batida, suco de limão, sal e pimenta-do-reino. Com essa massa, formam-se duas camadas separadas por diferentes tipos de recheio.

O recheio de atum é o mais popular, mas também se usa frango desfiado, carne de caranguejo e legumes. A apresentação da causa geralmente leva ovo cozido, fatias de abacate e maionese. Uma entrada marcante, com um sabor bem peruano.

É o par ideal da mazamorra morada. Juntos formam o tradicional “combinado”, uma proposta deliciosa e reconfortante onde essas duas sobremesas queridas dividem o mesmo prato para a alegria dos visitantes.

O arroz com leite limeño tem origem colonial. Foi nas cozinhas dos conventos que as freiras começaram a preparar essa receita que transforma o arroz em uma doce tentação.

Para realizar esse “milagre” são usados açúcar, canela, casca de limão e cravo-da-índia, além do arroz e do leite que dão nome a essa guloseima limeña. Não perca a chance de experimentá-lo no seu free tour gastronômico por uma das capitais culinárias do mundo.

Bom apetite com o nosso prato mais representativo! De origem pré-hispânica — acredita-se que os mochicas foram os primeiros a prepará-lo —, o ceviche é uma combinação refrescante e picante de peixe, limões do norte do Peru e pimenta ají limo.

Esses são os ingredientes fundamentais dessa delícia com aroma de mar ou rio, onde o peixe é generosamente marinado no suco de vários limões. A essa mistura se acrescenta sal, pimenta e a pimenta ají limo picadinha.

Embora o ceviche clássico seja apenas de peixe, existem variações como o ceviche misto (com diferentes frutos do mar) ou o chamado “carretillero”, que leva chicharrón de pota (lula gigante frita).

Geralmente, o ceviche é servido com cebola roxa em tiras finas, uma fatia de batata-doce e uma folha de alface. Acompanha-se com milho tostado (cancha) ou milho cozido (choclo).

Nos últimos anos, o cacau peruano começou a conquistar o mundo graças à qualidade de seus grãos e à melhoria nos padrões de produção de chocolates e seus derivados. Você vai comprovar isso no seu passeio culinário por Lima.

A relação do Peru com o Theobroma cacao é milenar. Em escavações arqueológicas na huaca Montegrande (Jaén, Cajamarca), foram encontradas evidências de uso de cacau com mais de 5.300 anos.

Durante seu free tour, o guia fará paradas estratégicas para que você possa experimentar chocolates produzidos em nosso território — e aí você verá que eles não deixam nada a desejar aos mais famosos do planeta.

Ao experimentar a criação de Amparo Ayarza, sua esposa, o poeta José Gálvez achou que aquela delícia era um verdadeiro “suspiro de uma limeña”. É isso o que se conta sobre a origem do nome dessa sobremesa típica de Lima, surgida por volta da metade do século XIX.

O inspirador suspiro à la limeña é servido numa taça ou copo. Na base vai um doce de gemas (feito com leite, açúcar e essência de baunilha), e por cima, um merengue italiano (clara de ovo batida com vinho do Porto e açúcar).

Uma pitada de canela em pó dá o toque final a essa sobremesa tão limeña, que arranca suspiros já no primeiro olhar. Mas atenção: aproveite com moderação. Se exagerar, pode ficar doce demais!

Mais doçura com os suaves e crocantes picarones, uma delícia tradicional das ruas de Lima. Suas origens mais antigas remontam à época pré-hispânica, quando já se preparava uma versão rústica com abóbora e batata-doce.

Durante a era colonial, os picarones ganharam a forma de argola ou rosquinha. Isso se deve à habilidade dos cozinheiros, que com um movimento mágico faziam um buraco na massa antes de jogá-la no óleo quente.

Parecidos com sonhos ou bolinhos fritos, os picarones peruanos são feitos com massa de batata-doce amarela, abóbora e fermento. Depois de descansar, a massa é moldada e frita até ficar douradinha. Servidos no prato, são cobertos com uma calda de rapadura chamada chancaca.

Nos anos 1950, Roger Schuler, um suíço que morava em Santa Clara (nos arredores de Lima), tinha um problema: os frangos da sua fazenda, a Granja Azul, não estavam vendendo como ele esperava. Então, ele resolveu encontrar uma maneira de reativar o negócio.

E encontrou mesmo! Temperou os frangos e os colocou em um espeto de ferro para assá-los lentamente sobre carvão ou lenha. Esse processo deu ao frango um sabor único que, aos poucos, foi conquistando o paladar dos limeños.

Hoje, o frango à la brasa é um dos pratos mais consumidos no Peru. Tanto que existe até um dia especial para ele: o terceiro domingo de julho. Perfeito para dividir com a família, a versão clássica vem com batatas fritas, salada e vários molhos deliciosos.